03 julho 2008

Porque a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo.


Lembro-me daquela tarde de Dezembro de 2003 como se fosse hoje, meu coração ardia, meus olhos marejavam e eu nem sabia o porquê, mas ansiava em entregar minha vida a Jesus Cristo. Logo eu que vinha de uma família tradicionalmente Católica (devido à origem portuguesa) e que há alguns anos tinha tido uma experiência com as religiões afro-brasileiras (umbanda e candomblé); como iria explicar as pessoas que se relacionavam comigo aquela decisão, logo eu que era considerado a "ovelha negra" da família (tinha uma vida airada).

Mas a verdade era que aquele sentimento de culpa interior vinha sobre mim de uma forma inconfundível, como se eu ouvisse uma voz que dizia: “Lavarei as suas vestes e as branquearei no sangue do Cordeiro”. Não podia me aproximar de uma Igreja Cristã, que sentia um desejo de estar ali junto de todas aquelas pessoas e me tornar um verdadeiro discípulo de Cristo.

Ainda hoje, quando fecho os olhos e penso naqueles dias, sinto muita alegria de saber a misericórdia que estava reservada para minha vida. Meu amor pela Bíblia era, sem dúvida, a característica mais marcante. Em pouco mais de 5 meses já tinha lido todo Novo Testamento e minhas experiências espirituais me faziam crescer a cada momento. Queria me tornar um evangelista, visitar hospitais, presídios, orfanatos, asilos; enfim ser um servo habilitado por seu Senhor.

Comecei minha caminhada no Evangelho de Cristo com muito empenho, duas horas antes de o culto iniciar já estava devidamente posto em ordem, com a Bíblia Sagrada em minhas mãos não via a hora de começar os louvores e ouvir a mensagem de Deus para meu coração. Não conseguia mais enxergar aquele velho homem, ele tinha ficado no esquecimento; casei-me e Deus me deu um lindo filho.

Podia perceber a mudança radical que estava acontecendo, e é neste momento que o Espírito Santo permite que tal pessoa reconheça o que é viver no reino de Deus. Procurava ajudar ao máximo meus irmãos na fé, tinha um zelo enorme pela igreja e sua obra. Foi justamente por este zelo, que comecei a presenciar que as coisas não eram como eu cria que deveriam ser.

Embora exista relação entre a bondade e a benignidade, a primeira faz referência à maneira como devemos viver dando testemunho da existência de Deus. Freqüentava uma denominação em que a maioria dos membros eram bem remotos (frios), pareciam desafortunados e até um pouco altivos. Mas fingia (para mim mesmo) não enxergar nenhum destes problemas, entrava com um único intento: adorar e agradecer meu Deus.

Foi até o dia em que tentei me aproximar do pastor, para tentar conhece-lo e buscar esclarecimentos quanto as Escrituras em relação a meu batismo. Tinha a visão de um exemplo na maneira de falar, na maneira de agir, no amor, na fé e na pureza; mais infelizmente na primeira vez que me aproximei deste homem ele se portou de forma bem hostil.

Fiquei estarrecido, não conseguia acreditar naquilo. Parecia que o mundo tinha me pregado uma terrível surpresa, um homem que teria a obrigação de no mínimo me prestar uma palavra de amor, me traria muita tristeza.

Porque faria aquele homem tal coisa? Falta de transparência, apego ao poder ou egocentrismo?
Atender aos mandamentos de Deus, cooperar uns com os outros, ter amor pelas pessoas, incentivar uns aos outros na fé representa caminhar em direção à plenitude de Cristo. Unidade na diversidade (e eu acrescentaria na adversidade) é o segredo do bom testemunho do pastor ao mundo inteiro.

Foi então que comecei a entender porque conhecia tantas pessoas que saíam daquele lugar magoadas. Recordo de uma senhora que tinha uma loja (tipo $1,99), e queria doar arranjos de flores para a igreja e este pastor passava sempre a frente de sua loja, e de forma arrogante nunca entrou em seu estabelecimento, nem que fosse para agradecer (já que ele parecia indiferente com o presente da irmã) aquela senhora por seu gesto; lembro de um jovem irmão que até hoje carrega uma tristeza em seu coração, pois devido a um deslize em sua caminhada, foi “convidado a procurar outra igreja”, ou não diz as Escrituras: “Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal” (Provérbios 24.16) ou “MEUS filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” (I João 2.1)

Entendi que aquele discurso era hipócrita, e que ele fazia da igreja seu quintal particular. Seus filhos devido sua truculência, abandonaram a fé e se apostataram; com dinheiro de dízimos e ofertas tem coragem de pagar faculdade de cinema para um de seus filhos.

Será que um ímpio cineasta trará algo de bom para o reino de Deus?

Não sei se este senhor acredita que uma vez salvo, salvo para sempre; mas a verdade é que ele assim utiliza dinheiro santo (separado para obra), para deleites de sua família ímpia.

Dizem até que ele agora é bispo, mas a Palavra não diz: “Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia”.
“(Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?);” I Timóteo 3.4,5

A união é um elemento muito importante para a vida em sociedade, principalmente na sociedade de cristãos, de pessoas que devem ter em mente mostrar a face do Ourives para todos os que se encontram em um crisol a fim de que contemplem o Seu misericordioso amor, concedido sem medida a todos os pecadores, os quais pretende transformar em ouro puro refinado.

Olhar para a história sempre é um caminho muito rico e seguro para extrair ilustrações que funcionam como alerta para todos nós. Durante o reinado de Luís XIV, o governo francês tomou uma medida inusitada, ao disciplinar às saudações feitas com o chapéu. Dependendo do grau de importância de quem era alvo da saudação, o cumprimento seria feito com um toque na aba, erguendo o chapéu um pouco, sem retirá-lo. Nos casos de figuras proeminentes, o chapéu seria tirado inteiramente, fazendo-o quase roçar o chão.

Da mesma forma que o rei Luís XIV preocupou-se demasiadamente com questões de pouca importância, boa parte da liderança evangélica se ocupa atualmente com a parte cosmética do evangelho. Numa espécie de farisaísmo pós-moderno, mantém ministérios irretocavelmente caiados, enquanto a ética apodrece nos corações cheios de ambição. Sem discernimento, usam os chapéus do mundo, não se dando conta de que eles funcionam como uma barreira na comunhão com o Pai. Minha oração é que o Senhor não lhes reserve o mesmo destino que teve um dos famosos sucessores na monarquia francesa, o rei Luís XVI. Esse imperador perdeu não apenas o chapéu, como também a própria cabeça.

Possa o Pai reacender em nossas mentes a chama da valorização da ética, erguendo nossas vidas como um luzeiro para iluminar esse mundo enegrecido pelas tintas do pecado. Somente assim cumpriremos o propósito que nos foi desenhado por ele: um ministério de tirar o chapéu! Que assim seja.

Observação

Pastores; existem pessoas (ovelhas) em suas igrejas com necessidades espirituais e materiais! Vocês acham que se eximem do fato de buscá-las pondo no telão a responsabilidade aos seus diáconos (homens que não vivem dos dízimos nem ofertas, e que tem que trabalhar para sustentar suas famílias, enquanto os senhores ficam desfilando de carrão/carro popular nem pensar/que soberba!).

Vocês já imaginaram Jesus hoje, com a miséria na vida de tantas pessoas e andando com uns carros deste valor, francamente.

Escrevo esta mensagem para sua (pr.) reflexão e deixo esta passagem: MEUS irmãos, muitos de vós não sejam mestres (pastores), sabendo que receberemos mais duro juízo. Tiago 3.1

Deus abençoe a cada um de nós, para que sejamos vitoriosos e saiamos dos crisóis da vida, tantos quantos vierem purificados, aperfeiçoados, no caráter de Cristo, sob a unção do Espírito Santo, o Consolador.

Eduardo Neves.