Não creio na predestinação individual, como se Deus houvesse amado a um mais do que a outros, antes mesmo de nascerem. Não consigo conceber o Criador traçando um plano para salvar os “previamente amados” e condenar outros, os “menos amados”, sem sequer lhes dar a opção de escolherem se querem ou não a salvação. É impossível conceber a idéia de que o Senhor ame mais alguns do que outros; que tenha previamente determinado à salvação de uns e a condenação de outros; que todos teriam um destino predefinido antes mesmo de nascer.
Se o homem não tivesse autoconsciência e livre-arbítrio, não teria culpa de absolutamente nada. E um estuprador ou qualquer outro malfeitor não poderia ser acusado nem condenado, pois esta seria sua única opção. Então, Deus, que o criou assim, não poderia puni-lo; afinal, sem livre-arbítrio, ninguém poderia agir de outro modo.
A Bíblia fala de eleição (1 Cr 16.13; Is 65; Rm 11; Cl 3.12; Tt 1.1; 1 Pe 1.2; Ap 17.14) e de predestinação (Rm 8.29,30; Ef 1.5,11). Mas não num sentido individual. Tais textos se referem ao destino coletivo dos santos do Antigo e do Novo Testamento; aqueles que deliberadamente escolhem obedecer a Deus e à Sua Palavra.
No Novo Testamento, os eleitos de Deus são todos aqueles que creram em Jesus e aceitaram o senhorio dele, tornando-se seus imitadores e filhos do Pai celestial. A partir dessa experiência pessoal, chamada de salvação, tais pessoas passaram a desfrutar da comunhão com Deus pelo Espírito Santo que veio habitar nos cristãos, para moldá-los à imagem divina de Jesus, de quem se tornaram irmãos e co-herdeiros, tendo direito ao céu e à vida eterna (ver Rm 8.17; 2 Co 3.18; Ef 3.6; 4.12,13,30; 5.1).
É claro que Deus, sendo onisciente, sabe de todas as coisas, inclusive quem será salvo e quem não será. Mas isto não significa que Ele tenha predestinado uns para o céu, e outros para o inferno. Afinal, Deus criou o ser humano e concedeu-lhe livre-arbítrio, responsabilizando-o pelos seus atos e por suas escolhas. Se não fosse assim, a promessa de salvação não seria condicional: aquele que perseverar até ao fim será salvo (Mt 10.22; 24.13; Mc 13.13). Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap 2.10).
Deus deseja que todos se salvem, mas muitos não atendem ao seu chamado. Se não existisse livre-arbítrio, o pecado da humanidade teria sido um plano do próprio Deus, como se Ele tivesse traçado esse destino de pecado e morte para o homem. Isso é um absurdo teológico!
Logo, a incompreensão dos conceitos de eleição e de predestinação tem servido de base para a defesa de uma “predestinação fatalista”, que não tem base bíblica; a qual se vale de um texto sem o contexto. Isto infringe a hermenêutica bíblica e compromete a sã doutrina cristã.
Por fim, deixamos um texto do Antigo Testamento que serve de alerta e de base para todos aqueles que desejam ser salvos e tornar-se eleitos e predestinados ao céu: "Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolha hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habita; porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR." Josué 24.15
Que as bênçãos de Deus sejam derramadas sobre sua vida.
*Pr. Silas Malafaia - Psicólogo, vice-presidente da Assembléia de Deus na Penha (RJ), vice-presidente do CIMEB – Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil –, coordena e apresenta o Vitória em Cristo, este programa está há mais de 25 anos ininterruptos na televisão, sendo transmitido por várias emissoras em rede nacional.