Alguns oficiais na Igreja Primitiva
Os termos “presbítero” (ou Ancião) ou “Bispo” (ou Supervisor, Superintendente) denotam no Novo Testamento o mesmo oficial, sendo que o primeiro deriva da sinagoga e o segundo das comunidades gregas; o primeiro significa a dignidade e o segundo, a tarefa.
1) A identidade destes oficias é evidente dos seguintes fatos:
A - Eles aparecem sempre como pluralidade ou como um colégio numa mesma congregação, mesmo em pequenas cidades como Filipos (Fp 1:1).
B – Os mesmos oficiais da Igreja de Éfeso são chamados de presbíteros e bispos alternadamente (At 20:17,18).
C – Paulo envia congratulações aos “bispos” e “diáconos” de Filipos, mas omite os presbíteros porque foram incluídos nos primeiro termo; assim indica o plural (Fp 1;1).
D – Nas epístolas pastorais, onde Paulo busca apresentar as qualificações para todos oficiais da Igreja, ele novamente menciona somente dois, bispos e diáconos, mas usa o termo presbítero depois de bispo (ITm 3:1-13, 5:17-19; Tt 1:5-7).
E – O intercâmbio de termos continuou a ser usado no final do primeiro século, como evidencia a epístola de Clemente de Roma (cerca de 95) e a “Didaquê”, e permaneceu até o final do segundo. (...)
2) A origem do ofício presbítero-episcopal não é relatada no Novo Testamento, mas quando ele é mencionado pela primeira vez na congregação de Jerusalém, 44 A.D., aparece sempre como uma instituição estabelecida. Assim como a sinagoga era dirigida por anciãos, de igual modo seria natural que cada congregação judeu-cristã adotasse de início esta forma de governo; talvez seja esta a razão do autor de Atos que julga desnecessário dar um relato da origem; no entanto, ele narra a origem do diaconato surgida de uma emergência especial que não tinha nenhuma analogia precisa na organização da sinagoga. As Igrejas gentílicas seguiram o exemplo, preferindo sempre o termo familiar “bispo”. A primeira coisa que Paulo e Barnabé fizeram na Ásia Menor foi organizar Igrejas pela escolha de anciãos (At 14:23; Tt 1:5).
3) O ofício de presbítero-bispo era ensinar e governar a congregação particular colocada sob sua responsabilidade. Eles eram os “pastores e mestres” regulares. A eles pertencia a direção do culto público, a administração da disciplina, o cuidado das almas e a gerência da propriedade da Igreja. Eram geralmente escolhidos entre os primeiros convertidos e indicados pelos apóstolos ou seus delegados, com a aprovação da congregação (ou pela própria mesmo), que os sustentavam pelas “contribuições voluntárias” (não é relatado no Novo Testamento a prática do “dízimo” pela Igreja primitiva). Eram introduzidos solenemente em seu ofício pelos apóstolos ou por outros presbíteros pela oração e imposição das mãos (At 14:23; Tt 1:5; I Tm 5:22, 4:14; II Tm 1:6).
4) Os anjos das 7 Igrejas da Ásia Menor podem ser vistos como idênticos aos presbíteros-bispos ou patores locais. Eles representavam os presbíteros presidentes ou o corpo dos oficiais regulares, como mensageiros responsáveis de Deus à congregação. Na morte de Paulo e Pedro, sob Nero, as congregações eram dirigidas por um colégio de anciãos. (...)
*Philip Schaff. History of the Chritian Church. Grand Rapids, Micj, Eerdmans, 1962. Vol. I, pp. 491-498.