Não seria exagero algum dizer que a igreja contemporânea jamais foi tão desfiada nos seus esforços para manter um padrão bíblico. A medida de seu notável crescimento, também avança dentro da igreja “falsos mestres”, que além de utilizar a igreja aproveitam à mídia (livros, TV, rádio...) para promoverem suas mensagens distorcidas.
Nenhuma geração tem sofrido tanto aos ataques de falsas doutrinas; isso só reforça a necessidade e dedicação ao estudo da Bíblia, e uma cuidadosa atenção aos princípios da interpretação bíblica são imprescindíveis aos cristãos de hoje.
Mesmo entre a comunidade cristã, as falsas interpretações das Escrituras são abundantemente exemplificadas, ilustrando a estupidez de alguns “mestres” de achar que suas heresias são infalíveis, desconhecendo assim as diretrizes gerais para uma interpretação apropriada.
Devemos entender que os ensinamentos de Arminius, Wesley, Zwingli, Calvino ou qualquer outro teólogo, não suplantará a crítica textual quando houver questões sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura.
Tendo o Senhor o conhecimento do curso integral de acontecimentos que são futuros do ponto de vista humano, Deus utiliza Sua Palavra para alertar, admoestar, comunicar fatos que ao homem são impossíveis, assim sendo, demonstra toda Sua graça e poder ao gênero humano.
Ignorando normas da exegese, a doutrina calvinista perde o ponto do equilíbrio e da relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade do homem. Não que toda obra e conceito de João Calvino venham a ser desprezados (I Ts 5:21), longe de mim; pois a apreciação de Calvino acerca de um quádruplo ministério, revela que a assistência social estava entre as suas principais preocupações e seu pensamento social sobre riqueza e pobreza, bem-estar social e questões correlatas fazem deste reformador um expoente nesta tese absolutamente necessária à sociedade.
Segundo o próprio adepto da teologia calvinista Charles H. Spurgeon, a doutrina da predestinação é um mistério (incompreensível, inexplicável), que o texto de Romanos 9 é “assustador” (entendemos aqui sua visão da Divindade), e aquele que pensa compreender o propósito deste ensinamento se faz desconhecedor, assim como ele dizendo-se incapaz de explicá-la.
Martinho Lutero para defender esta espúria doutrina fatalista chegou ao ponto de declarar que os homens que rejeitavam a eleição (segundo a teologia calvinista), tentavam impedir “Deus de ser Deus”, e seu conceito determinista ganhou popularidade.
O autor da literatura “Teologia dos reformadores” Timothy George, fala que o conselho básico de Lutero era característico dos eleitos, não dos réprobos, que tremem em face dos desígnios ocultos de Deus.
O trecho em negrito acima nos lembraria alguém? Leiam “Jacó e Esaú” por Charles H. Spurgeon e tirem suas próprias conclusões (é assustador! Rs!).
Mas a questão é: Teria o Senhor Deus prazer em ver homens tomando as atitudes de Faraó, Esaú, Saul, dentre vários outros; e impondo Seu soberano poder os capacitar e predestinar a serem malignos e subsequentemente perderem-se para todo sempre?
Vamos analisar algumas passagens de Romanos 9, texto utilizado como indício por calvinistas para a doutrina bastarda da predestinação fatalista:
“Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor.
Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.
Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma.” Rm 9: 12 à 14
Esta passagem das Escrituras que ampararia a idéia do assombroso decreto, examinada sozinha aludi proporcionar apoio para a predestinação fatalista. Mas como texto fora do contexto é pretexto para heresia; vamos esquadrinhá-la.
O capítulo 9 de Romanos trata da eleição de Israel no passado, ou seja, do plano de Deus para a nação judaica. O apóstolo utiliza para melhor compreensão de seus “parentes segundo a carne” (vers. 3), o nome dos antepassados Abraão, Isaque, Jacó e Esaú, para elucidar o propósito de Deus para com os gentios, e como Seu povo Israel que buscava a lei da justiça, não veio a encontrá-la.
Como disse anteriormente as profecias tem como finalidade: alertar, admoestar, comunicar fatos que ao homem são impossíveis e nesta passagem não é diferente!
Porque Deus profetiza a Rebeca que seu filho maior serviria ao menor?
Simplesmente porque tanto Rebeca como nós procederíamos segundo nossa própria limitação e atenderíamos aos desígnios já estabelecidos, e como se entendia que a benção da primogenitura é uma sucessão, logo o abençoado seria Esaú e não o menor Jacó.
Deus então estabelecia segundo Sua presciência “Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal” (vers. 11a) Sua graça, comunicando aos pais o que só Ele poderia saber “o futuro”; o Senhor é conhecedor de todas as coisas, Ele sabia que a geração que iria se levantar através de Esaú (o pai dos Edomitas) seria de enorme hostilidade e crueldade. Um povo sanguinário como este não poderia ser a nação eleita do Deus de Amor!
Então o fato de Paulo dizer “como está escrito” (vers. 13) ratifica o texto de Malaquias citado pelo apóstolo, que fala sobre um povo impiedoso na qual a ira de Deus esta posta para sempre (devido às ações perversas de Edom), e não das pessoas de Jacó e Esaú. Daí a afirmação “De maneira nenhuma” proferida por Paulo ao levantar uma questionamento sobre se Deus estaria agindo com injustiça. O contexto revela “POVOS e não INDIVÍDUOS”!
Literalmente, Esaú jamais serviu a seu irmão Jacó. Quando é dito em Romanos 9:12 que “o mais velho servirá o mais novo”, a profecia somente teve execução com os seus descendentes.
Assim também o versículo 17, que de forma isolada da uma idéia de determinismo por parte de Deus a faraó, mas quando aplicada ao contexto entendemos o contrário da doutrina calvinista:
“Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.” Rm 9:17
Deus tentaria (induzir ao mal) ao homem? Porque “levantar” com alusão de ver “cair” é maligno; ou não é?
E até onde esse levantar se aplica a este significado, visto a Palavra de Deus em Tiago que diz:
“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.” Tg 1:13-14
O significado é apenas que Deus o levantou como um homem, de forma que Deus lhe deu o seu poder, seus talentos, sua posição, e sua honra; e que Deus o levantou como um rei, de forma que ele lhe deu o seu trono, reino e domínio!
Paulo esta falando sobre eleição e reprovação soberana, então o endurecimento do coração de Faraó é atribuído a Deus, devido seu princípio divino de entregar aos seus próprios desejos (Rm 1:24) os que persistem em rebelião a Sua Palavra (Rm 9:18).
Vejam:
“Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido.” Rm 9:33
Se atentarmos para a proposta estúpida desta doutrina, devemos então entender que Jesus Cristo foi posto por tropeço aos judeus e não como diz as Escrituras em João 1:11 (“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.”); pela incredulidade dos mesmos é que Cristo foi o tropeço para aquela nação e não porque Deus teria enviado Jesus para ser tropeço ao Seu povo!
Termino este estudo com um convite a todos aqueles que crêem no Deus que não faz acepção, que te ama e chama a todos para um concerto solene em Sua santa e majestosa presença:
“E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve diga: Vem. E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22.17)
Eduardo Neves.
“E Ele [Jesus] é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1João 2.2)